quarta-feira, 16 de junho de 2010

Campanha “Somos todos Comunicação Social – Avalie sua Formação!”

 “Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos.
E é como sujeito e somente enquanto sujeito,
que o homem pode realmente conhecer”
Paulo Freire.


Novas Diretrizes para o Jornalismo (NDJ)
No ano de 2009, o MEC através da figura do Ministro Fernando Haddad escolheu uma comissão de especialistas – portaria MEC-SESU 203/2009 - (formado por professores e especialistas, somente) para retomar as discussões sobre a questão curricular na área de Comunicação Social.
A proposta, um tanto quanto curiosa, reflete a constituição das Novas Diretrizes para o Jornalismo e não mais para Área de Comunicação Social. Foram travados no país, somente três audiências públicas (Rio de Janeiro, Recife e São Paulo) para a formulação das NDJ. Segundo informações contidas no documento das Novas Diretrizes (disponível na internet) o MEC abriu, no seu portal, uma consulta pública sobre a questão, porém não percebemos nenhum resquício de uma construção ampla que possibilitasse a participação de diversos setores da sociedade. Nada se viu sobre a existência de seminários nacionais que travasse esta discussão, nem sequer percebemos nas escolas de comunicação do país o processo de formulação de tal documento. Tudo por debaixo dos panos.
Entrando na análise do documento em si, percebemos que o real o objetivo das NDJ é retirar a
habilitação de jornalismo do curso de comunicação social para transformá-lo em um curso
independente. Junto com esta proposição fica evidente as contradições e equívocos que o
documento reflete em relação a comunicação, a sociedade e educação brasileira. Nenhuma análise é feita sobre o papel que a comunicação cumpre na sociedade e pra quem e pra que serve a comunicação que temos hoje. Nada foi dito também sobre a sociedade em que vivemos, sobre a restruturação do mundo trabalho e as relações sociais existentes. E, perigosamente, esquece também de analisar a educação superior no Brasil e o processo de expansão e Reforma Universitária aplicado nos últimos anos.
Contraditoriamente, traz uma análise ultrapassada do jornalismo enaltecendo valores como
liberdade de expressão, direito a informação e a fiscalização do poder. As perguntas que devem ser feitas são: Qual liberdade de expressão tem o trabalhador da comunicação se a informação que é transferida para a sociedade reflete as vontades do patrão? Como pode o jornalismo fiscalizar o poder, se quem está no poder político é dono dos meios de comunicação? 
O que está colocado para nós é o caráter tecnicista e fragmentado das novas diretrizes que preza a formação unicamente voltada para o mercado, a homogenização da conduta profissional, a disseminação de valores empresariais, industriais e comerciais, a não reflexão crítica da realidade a qual estamos inseridos e a perpetuação da sociedade existente, assim como ela é, opressora, desigual, coisificada.
Campanha “Somos todos Comunicação Social – Avalie sua
Formação!”
Diante desta questão, é emergencial que nós, estudantes de Comunicação Social, através da
ENECOS nos posicionemos e batamos de frente com esta proposta de NDJ defendendo a qualidade do ensino em comunicação, defendendo condições dignas de trabalho e defendendo uma comunicação que caminhe lado a lado do povo. É então, partindo desta perspectiva que a Coordenação Nacional da ENECOS gestão “Aos que virão”/ 2010 lança a campanha “Somos todos Comunicação Social – Avalie sua Formação!” com objetivo de construir nacionalmente a formulação sobre a questão do ensino e paralelamente o início da avaliação das escolas de comunicação.

Texto: ENECOS - Executiva Nacional dos Estadantes de Comunicação Social

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